sexta-feira, 27 de junho de 2008

Rico é Deus

Fui passar uns tempos na barriga da baleia com meu querido amigo Jonas e, por isso, o vocabulário dos babuínos perdeu sua fluência. É um lugar bastante pacato, onde não há Maluf autografando sua “audácia” (é o título do livro, eu não tenho culpa), Marta tentando um revival, nem vice-governador do Estado chamando prefeito da cidade de “Geraldo Kassab”. É um tanto nauseante, devo admitir, mas bem mais tranqüilo do que a Paulicéia Desvairada. Porém, ao contrário de meu amigo Jonas, eu não assinei nenhum papel que me mantivesse lá até o fim da vida e, portanto, cá estou de volta ao fantástico mundo de Bob.

O caos por aqui está em tal grau, que pobre está assaltando miserável. Fê, um querido já apresentado anteriormente, pôde confirmar esta semana. Caminhava lá pelos lados da Consolação, quando avistou um ser humano conhecido. Tentando certificar-se de que se tratava de tal ser (o Fê é meio cegueta), aproximou-se calmamente da criatura. Eis que é abordado por outro ser: um garoto pobre, mais novo do que o Fê, mais fodido do que o Fê e, assim como o Fê, ainda esperando que os já citados picaretas larguem o osso e que alguma coisa produtiva seja feita, tanto pela Paulicéia, quanto pela Pátria-Amada-Idolatrada-Salve-Salve. Cena comum, um garoto pobre assaltando um garoto de classe média? Seria. Ele disse que aquilo poderia se suceder de maneira fácil ou difícil. Fê escolheu a maneira fácil. O garoto pediu todo o dinheiro do Fê, que abriu a carteira e ofereceu sua fortuna: R$2. O espanto do garoto foi inevitável. “Acho que vi uma nota de cinqüenta aí, hein?”, disse. E o Fê respondeu: “Se você achar, a gente divide”. Frustrado, o garoto pede o celular. “Nossa, é um favor que você me faz”, respondeu meu amigo. Imagine o estado do aparelho. O garoto desiste. Tentando manter o bom humor, Fê ainda se esforça: “Eu disse que você estava assaltando pobre...” Aí vem a melhor parte: “Rico é Deus! Rico é Deus!”.

Ah, sim. Àquela altura, o ser conhecido já estava fora de alcance.