quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Perdi a paciência

Embora tenha lido bastante sobre as eleições municipais deste ano, este é um assunto que eu não pretendia avacalhar em babuinês. Pensava que descer a lenha contra este ou aquele candidato em conversas fervorosas de bar me bastaria. Não bastou. Um comichão – talvez saudade de um veículo e uma pauta na mão – me fez escrever aqui algumas considerações sobre a atual corrida eleitoral.

Se brasileiro tem memória curta, curte um populismo barato, define sua opinião com base em pesquisa eleitoral, vota por amizade, não se interessa por política, vende o voto etc., são especulações e, sinceramente, desculpas esfarrapadas para nós, que temos acesso à informação, não buscarmos saber o máximo possível sobre um candidato. Estas características existem sim, mas o que se deve levar em consideração é que este é um país com 14 milhões de analfabetos (Pnad 2007) e, convenhamos, este número não é real, principalmente se considerarmos o analfabetismo funcional, traço da maioria do eleitorado, creio eu. O brasileiro não tem acesso à informação de qualidade (sim, ela existe) e vende não só o voto, mas o corpo, a alma e, às vezes, até a vida por um prato de comida. Eu não estou pegando pesado. Dizer que a “massa” é burra, condicionada/direcionada, amorfa é fácil se quem supostamente tem conteúdo dá uma de Pilatos porque está muito bem, obrigado, achatado na classe média ou comprando muamba nas Daslus da vida. Não está tudo bem. O trânsito, a violência, a desinformação, a falta de educação e saúde, o desemprego, o crescimento desordenado/fragmentado/localizado das cidades, enfim, problemas, uma hora batem à porta de todo mundo.

Omissão é inaceitável, pelo menos para quem tem acesso à informação. Quem dirá por parte de quem a faz ou a pretende de maneira séria.
Portanto, para quem ainda pretende votar para vereador e prefeito nas próximas eleições, eu sugiro que dê uma olhada neste site.
http://www3.tse.gov.br/sadEleicaoDivulgaCand2008/

Aqui você vai encontrar o que o seu candidato declara como “bens” e pode observar se o que ele diz que tem condiz com o estilo ou forma de vida que ele leva, com o plano de governo e até com as diretrizes da sigla que ele se diz fiel.

Exemplo? Meu domicílio eleitoral é a província, Santo André. Lá, uma ex-professora minha, candidata à vereadora, dona de uma certa academia de rede – daquelas enormes, que prometem resultados em 45 dias, sabe? – atual esposa de um certo empresário que detém uma das maiores firmas de refeições prontas do país, pois é, ela mesma, se esqueceu de declarar inclusive, a academia. De onde virá o dinheiro da campanha? Da comidinha congelada do Pão-de-Açúcar? Nãããão.

Outro? Na mesma amada província uma tal candidata a vice-prefeita por aquele partido do Roberto Jefferson, do Collor, do Cãozinho dos Teclados, que supostamente luta pela causa trabalhista, declara mais de 12 milhões. Ela tem todo o direito de ser rica, mas R$15 mil em linhas telefônicas, em tempos de telefonia privatizada, soa suspeito. Há ainda o candidato de situação que detém 50% de uma Pajero. Espero que seja a parte da frente.

Aqui na Paulicéia a piada é ainda mais sem graça. Aquele que é o meu ícone na política, que defende o “estupra, mas não mata”, que faz viadutos de diamantes e que vai cobrir as marginais de pistas freeway, o cara que segura a carreira política no carão e, admitamos, tem a maior cara-de-pau da história política deste país, sabe,né? Pois é, ele tem 6.589.650 (perdeu a conta?) ações de uma companhia de ferro e aço que valem R$0,1. Segundo a declaração, a empresa faliu. Ele tem ainda 4.223 cotas de uma sociedade de administração agrícola que valem R$0,83. Sim, ao todo. Total declarado? R$39.185.531,48. Deve ser tudo em frango, com o perdão do trocadilho de parentesco, me refiro à granja da família.

Para não ser injusta com meu ídolo, uma última contradição de uma candidata que adora aparecer em debates de bicicleta, mas que tem três veículos em seu nome. Um carro, duas motos.

O motivo deste post gigante é simples. O percentual de brasileiros com curso superior completo ou em andamento ainda gira em torno de 15%, segundo algumas destas pesquisas duvidosas. Se você pretende votar, procure o maior número de dados sobre o seu candidato e pense no que encontrou. Se você pode divulgar as informações que tem, divulgue. Não vai dar em nada? Eu ainda acredito que se eu mudar uma pessoa, esta pode mudar uma outra pessoa, que pode mudar uma terceira, que pode mudar a quarta... Veja, eu não estou fazendo apologia anti-voto e ninguém tem que (nem deve) pensar como eu. Mas eu acredito sim que a ação de uma pessoa faz diferença, de duas, da sociedade. Ainda mais quando se trata de transmitir informação, afinal, quem recebe esta informação absorve, reflete e age da forma como melhor lhe convier. Como profissional e estudante de Comunicação creio que minha função é fazer chegar a quem não tem a tal Informação de Qualidade.

Estado sempre vai existir e, portanto, independente das ações que colocamos em prática individualmente como cidadãos, procuremos não eleger energúmenos para gerir nosso país.
Ele é nosso.

sábado, 20 de setembro de 2008

Pindaíba Times

É, todo mundo passa por isso de vez em quando: sobra mês no fim da grana – no meu caso, parece que sobrarão meses porque a grana se findou em um passado remoto. Nestas horas que eu percebo quanta besteira desperdiça o meu dinheiro, mas também como alguns mimos – indispensáveis, óbvio – me fazem falta por causa das benditas besteiras que desperdiçaram meu rico dinheirinho antes.

Que mimos? Cineminha, livros, DVDs, minha boa e velha Bohemia, a saudosa Norteña e, claro, meu amigo indispensável, o Marlboritcho. Desculpa se você é um destes antitabagistas xiitas, mas eu respeito as leis de restrição ao fumo e não vou parar de fumar por causa do Serra. Aliás, ele se emprenha em banir o cigarro desde que ocupava o cargo de Ministro da Saúde. Boa sorte a ele. Minha casa, meu carro, a rua e as áreas abertas são livres. E se o garçom disse que em tal área do bar é permitido o tabagismo, por favor, mantenha-se na área livre de cigarro e não reclame, ok fanático (a)? Você pode se sentar em qualquer área; eu, obrigatoriamente, devo me dirigir ao local apropriado. A propósito, isso me lembra o lindoco do Selton Mello em entrevista com o foda Eduardo Coutinho no (infelizmente) extinto Tarja Preta, em que, em meio a isqueiros, cinzeiros e uma baita fumaça, eles comentam que cachorros são bem-vindos em shoppings, lojas, bares, galerias, enfim, lugares “públicos” e afins, mas fumantes não. Adoro cachorros, mas se você não é obrigado (a) a conviver com meu cigarro, eu não sou obrigada a conviver com seu cachorro mal-educado. Assim, ninguém é obrigado a conviver com ninguém, a tolerância é zero e o que está ruim fica cada vez pior. “Mais serenidade”, já dizia o Serginho nos bons tempos do sertão. Mas isso é outra mironga.

Fato é que a pindaíba se instalou por tempo indeterminado na residência de babú. Cinema só de quarta-feira, livro, nem do sebo. DVD..., oi? A Bohemia virou Itaipava e a Norteña... Ah, Norteña... Só de binóculo. Até os itens de suposta primeira necessidade, como manicure e depilação viraram tarefas caseiras. Aprendi no curso da Bovespa que a Juma de hoje será a Paris Hilton de amanhã. Você sobreviveria sem esta informação? Hummm. Pois é. Mas a minha questão não é poupar e sim terminar este ano com a carteira pingando. Porque o ano que vem, se-Deus-quiser-aleluia-irmãos-oxalá-meu-pai, será não menos pindainbento, mas bem mais divertido.

O Marlboritcho fica. Afinal, eu não tenho cachorro para levar ao shopping.

PS: algo me diz que posso prever os comentários deste post.